"Achologia": uma pseudociência que existe

"O mau uso dos "achismos" tem causado uma fragmentação em nossa sociedade nada benéfica."

Por Portal Notícias Colômbia SP em 22/09/2022 às 15:11:41

Pseudo é um termo de origem grega, que significa "mentira", que conota "falsidade". Na língua portuguesa, é empregado para definir que o conteúdo da afirmação não tem validade. Ou seja, pseudociência é uma ciência que não existe de fato como ciência em si. Mas no caso a "achologia" existe! É empregada como senso-comum em nosso cotidiano. Dela derivam diversos pensamentos que podemos definir como "achismos", cada qual com sua verdade, o que, em diversas ocasiões, causa contradições que podem se tornar catastróficas.

O artigo 5º em seu inciso IX de nossa Constituição, garante a todos a liberdade de expressão em nosso país, mas o mau uso dos "achismos" tem causado uma fragmentação em nossa sociedade nada benéfica. Isso afeta diretamente a política, por consequência, o bem estar social.

Sabemos que política é a arte de bem governar visando o bem comum, segundo os princípios de cada povo. Logo, em nosso país, dito democrático, a política deveria proporcionar a todo cidadão qualidade de vida irrestrita. A fragmentação derivada do mau uso dos "achismos", causa um verdadeiro abismo dialogal, em que, apenas refutar o pensamento que não concordo, valendo-me de argumentação plausível segundo minha ideologia, não basta. Devo erradicar da sociedade o mau do contraditório ao que penso, pois, somente assim, a sociedade perfeita, a qual idealizo, resplandecerá. Nos diversos "achismos", praticamente todos afirmam defender a democracia, desde que não haja questionamento de sua tese. A "achologia" assim, doutora diariamente, diversos pseudointelectuais.

Dom Helder Câmara, um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, conhecido por sua luta pelos direitos humanos, principalmente durante o regime militar, afirmou: "Se discordas de mim, tu me enriqueces.". Esse pensamento de Dom Helder, dá pleno sentido ao termo democracia. Afinal, ter uma prática democrática é eu ser respeitado em minha ideologia, mas principalmente respeitar as ideologias, os "achismos" adversos. Exercer a democracia não é eu obrigar o outro a concordar comigo, mas, pelo exercício do diálogo, ganhar o respeito do divergente e respeitar também ao que não concordo. Todos temos a liberdade de fundamentar nosso pensamento, lutar por nossos objetivos, mas esta luta não pode ser no campo de uma guerra ideológica. Posso e devo fundamentar meus "achismos" até o ponto de se tornarem uma ideologia coerente. Agora, se um determinado grupo de pessoas, ou até mesmo a maioria de nossa sociedade não concordar comigo, não posso querer destruir o outro por não concordar comigo, isso é um atentado à própria democracia, que julgo defender. Quando alguém discorda de mim, sou enriquecido, pois, terei o mérito, por meio do diálogo, de demonstrar que esta pessoa estava equivocada em seus pensamentos e pra isso, tenho que raciocinar e fortalecer minha argumentação embasado pelo que acredito, ou, até mesmo, a grandeza de reconhecer que o equivocado era eu, e assim, ser enriquecido pelo contraditório que eu questionava.

Um exemplo fácil de compreender é: eu, sendo corinthiano, admito que o atual momento da equipe do Palmeiras é melhor. Afinal, nos últimos anos conquistaram diversos títulos (menos aquele). Reconhecer e, mesmo que doa, aceitar que o Palmeiras está num momento melhor não me faz menos corintiano. Isso é saudável ao esporte bretão. Isso dá vida às brincadeiras entre adversários, porque é assim que devemos nos tratar: como adversários, jamais como inimigos. Quando não se tem um mínimo de maturidade esportiva, vejo o torcedor do outro clube como inimigo, no que resulta nas atrocidades envolvendo torcidas, ditas, organizadas. Alguns casos com agressão aos profissionais dos clubes, em outros, mortes entre torcidas.

Retornando à esfera política, adjetivos como "gado", "jumento" ou "isentão", não contribuem em nada ao debate. Isso é puro "achismo". Debate com validade de argumentação plausível ao que cada lado acredita sim. Deixa lúcida a discussão. Aqui questiono: será que todas as lideranças envolvidas na política querem um povo lúcido? Um povo consciente? Ou assim está ótimo?

Este é o "meu achismo" que desejo apresentar. Ficaria feliz em ler/escutar o teu. Pois, concordando ou discordando de mim, tu me enriquecerás.

Tulio Guitarrari é Jornalista, Téc. Contábil e formado em Filosofia.

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